Alternativa sustentável à exploração do jazigo de urânio de Nisa

Turismo no Geopark Naturtejo,sob os auspícios da UNESCO, como alternativa sustentável à exploração do jazigo de urânio de Nisa
Carlos Neto de Carvalho

O jazigo de urânio de Nisa (Nisa, Tarabau e Palheiros de Tolosa), associado ao Maciço granítico de Nisa-Albuquerque, no seu bordo tectonizado, foi detectado em 1959 pela Junta de Energia Nuclear, com um potencial estimado de 650 toneladas de óxido de urânio. Desde então deram-se várias tentativas infrutíferas de exploração daquele que foi considerado o maior jazigo por explorar alguma vez descoberto em Portugal. A última destas tentativas deu-se em 2005, com a proposta apresentada pela Iberian Resources, associada ao pico de crescimento do preço do óxido de urânio, que chegou aos 66,46€/kg no início de 2006. Actualmente as cotações mostram uma forte tendência decrescente após o desastre nuclear do Japão em 2011, valendo o jazigo de Nisa cerca de 17 milhões de euros. O então designado Empreendimento Mineiro de Nisa ocuparia uma área de 70 ha de exploração a céu aberto e daria emprego directo a 70 pessoas, na sua grande maioria mão-de-obra especializada oriunda de fora do concelho de Nisa. A laboração decorreria por seis anos ou poderia estender-se por mais tempo se fossem explorados mais jazigos conhecidos na faixa de Nisa a Albuquerque. Tanto do ponto de vista ambiental, como paisagístico e de saúde pública o passivo associado à exploração do jazigo de Nisa é considerado insustentável pelas comunidades de Nisa face ao retorno económico e social previsível, facto que deu origem a manifestações cívicas em desfavor da exploração do urânio na região, de que se destaca o MUNN (Movimento Urânio em Nisa, Não).

O concelho de Nisa faz parte desde 2006 do território classificado do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, sob os auspícios da UNESCO, área prioritária para investimento no Turismo de Natureza. Cerca de 55% do concelho é Rede Natura. O Monumento Natural das Portas de Ródão inclui aqui a área geoarqueológica do Conhal do Arneiro, com um potencial enorme para práticas de Geoturismo. A Rede de Percursos Pedestres de Nisa está estruturada em torno do rio Tejo, na área do Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo. O concelho mostra ainda grande oferta ao nível da arqueologia (Nisa-a-Velha, megalitismo), aldeias históricas e tradicionais (Monte do Arneiro, Amieira do Tejo, Nisa, Salavessa, Montalvão, Alpalhão), termalismo (Fadagosa de Nisa), sabores (queijo de Nisa, peixe de rio) e artes populares (olaria pedrada). A diversidade de recursos turísticos merece ser estruturada em roteiros turísticos temáticos de experiências que deem resposta às necessidades da oferta de alojamento, restauração e animação turística em crescimento na região.

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Geopark Naturtejo da Meseta Meridional – European and Global Geopark under UNESCO. Serviço de Geologia da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova - Centro Cultural Raiano. Av. Joaquim Morão, 6060-101 Idanha-a-Nova (Portugal). E-mail: carlos.praedichnia@gmail.com.

Instituto Politécnico de Castelo Branco - PORTUGAL

International workshop: Uranium, Environment and Public Health

25th of October 2013

O Tejo está a morrer

Nota de Imprensa "O Tejo/Tajo está a morrer"

“O Tejo está a morrer e ninguém faz nada.” Escrevia no facebook onde também apresentava um vídeo feito pelo próprio, um cidadão da comunidade ribeirinha da Ortiga concelho de Mação. Todos os dias somos bombardeados com noticias deste teor. Os pescadores do Arneiro, concelho de Nisa, estão revoltados, só retórica, é o seu ganha-pão na apanha do lagostim, até estes morrem com o veneno, como diz Hugo Sabino, barqueiro de Santana e pescador, o “último dos barqueiros do Tejo”.

Há uns anos atrás, quando da instalação da Celtejo-Celuloses do Tejo, inaugurada em 1971, o lagostim do Luisiana foi introduzido, tendo-se adaptado à poluição enquanto algumas espécies se extinguiram, pescam agora lagostim que vendem para entreposto espanhol com sede em Vila Velha de Ródão.

A Celtejo-Celuloses do Tejo, de Luís Martins, teve alvará concedido por Salazar em 1966, no inicio só trabalhavam com pinheiro, mal menor. Só mais tarde foi adaptada ao eucalipto com o apoio do leader/consultor mundial de celuloses Jaakko Pöyry. A partir daí “envenenou-se” o rio e toda a área circundante no alto Tejo com eucaliptos, lembram-se dos fogos de 2003? Com este governo piora-se a situação, é aprovada legislação que promove a sua plantação. Há até quem diga, que nos começaremos a chamar Eucaliptal.


Mas os problemas da morte do Tejo, não estão só aqui no Alto Tejo em Portugal, a seca veio pôr mais a descoberto a grave situação, é preciso rever com Espanha, a Convenção de Albufeira que rege as águas dos rios entre os dois países, esta não é revista há quase 20 anos, desde 1998.
 
Logo no início as águas são desviadas para o rio Segura para regar a agricultura intensiva no sul de Espanha. Ao entrar em Toledo, os caudais do rio Jarama, que recolhe todos os esgotos da capital e dos seus dormitórios suburbanos, representando até "80% do volume total do rio Tejo.
 
Muitos outros problemas existem, como a poluição invisível resultante da laboração da reaproveitada Central Nuclear de Almaraz a pouco mais de 100km da fronteira. E nós aqui permanecemos impávidos e serenos.
 
A AZU, Associação Ambiente em Zonas Uraniferas, desde há muito que tem vindo a acompanhar a situação do rio Tejo, a Associação integra o movimento proTejo e preocupa-nos também mais um possível atentado ao grande rio, a possível exploração de urânio em Nisa. (Movimento Urânio em Nisa Não)
 
É urgente rever a Convenção de Albufeira, aumentar o caudal anual manifestamente insuficiente, estabelecendo periocidade dos caudais semanais e trimestrais próxima do valor estabelecido anualmente. Assim só libera mais água fora das estações das chuvas. Definir um caudal ecológico. Imediato controlo da água à entrada de Portugal, a seguir à Barragem de Cedilho. Coimas mais pesadas e sanções ambientais para os incumpridores da Convenção de Albufeira segundo o princípio da prevenção e do poluidor pagador, assim como responsabilização aos dirigentes das autarquias que licenciam e vigiam os licenciamentos das actividades relacionadas com o Tejo.
 
AZU, Associação Ambiente em Zonas Uraniferas 
Nisa 19-06-2015
  
Mais informações: 966395014/932039759